[1990]
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Quando comecei a ouvir Rap, o movimento já era forte –
inclusive aqui no Brasil, especificamente em SP. Na época da “São Bento”, era uma criança que nem ler
ainda sabia. Ouvi falar... Vislumbrei nos olhos dos mais velhos... Vi em
fotos... Histórias de roda, de função, de tagarela, dos caras mais velhos, fotos, sons... Isso foi na década
de 1980. Na década de 1990, no início, minha irmã, que já era adolescente (ou “pré”)
ouvia um som. E aquele som vinha do quarto e me chamava à atenção. Era época de
Corpo Fechado, Colarinho Branco, Pânico na
Zona Sul... Não lembro exatamente as primeiras músicas que ouvi, mas sei
que foi entre 1991 e 1992. Lembro bem de “4 nomes de menina”, Pepeu... De Duck Jam e Nação Hip Hop, Potencial 3, de Thaíde,
Racionais... Depois vieram os sons “gringos”.
Depois não, vieram juntos. Big L, Fugees, Snoop Doggy Dogg e Dr. Dre,
Ice-T, Mad Lion… um monte de outros que nem vou ficar citando, mas que
vieram nessa época. Muita coisa. Os nacionais, os gringos...
Mas tudo isso remete à outra coisa: nos
fins da década de 1980 e início da década de 1990, minhas tias faziam festinhas
de quintal. Tocava muita coisa que só fui descobrir e me apropriar muito tempo
depois. Eram discos e mais discos (que, aliás, uma parte tá aqui em casa:
expropriei, no melhor sentido). Ouvia os “samba-rocks”. Para minhas tias,
assim como para muitos dos mais velhos que curtiam o som, muita coisa se
resumia a “samba-rock” (ou um “rockinho”), ou uma “melodia” (que eram as mais
lentas). Fuçando, descobre-se que tem Jazz de várias vertentes e períodos ali;
tem Soul e Rhythm & Blues; Bossa Nova; Samba, Samba-Funk, Samba-Jazz...
Enfim, tudo se resumia a um único ponto: só colava a negrada de cabelo crespo
que dançava rodando a noite toda. Aquilo, sem dúvida, foi a maior experiência e
a maior formação de todas – incontestável! Ouvir Rap na década de 1990 era ouvir tudo isso junto: não se desligava Racionais de Jorge Ben, de Tim Maia, de
Toni Tornado, de Carlos Dafé... Não se desliga Public
Enemy de James Brown, de Charles Wright... de todo o Funk’70. Da
mesma forma que não se desliga Jay Dee,
A Tribe do Jazz.
No meio da década
de 1990 o Yo! MTV Raps passava de
madrugada. Aquilo fez conhecer um monte de coisas. Digable Planets, Pharcyde,
A Tribe, De La Soul e mais um monte de coisas boas. Depois o programa teve
apresentadores: o Rodrigo Brandão, Thaíde, KL Jay... Cada um a sua maneira, fez
a gente conhecer coisas e mais coisas. Um monte de coisa rolou, muitos rolês. Conheci
muita gente nesse tempo: muita gente que curtia (e curte) um som, fez ou faz um
som, que apresentou sempre coisas novas (novas pra gente, pois, muitas, bem mais velhas que nós).
No começo do novo milênio, mais ou menos
2001, comecei a contestar o Rap nacional por várias fitas que me deixavam
pensativo. Foi nesse momento que conheci o “underground” brasileiro. Foi,
também, o momento que comecei a ouvir coisas diferentes: me voltei pra música
brasileira; posteriormente, para o Jazz e para toda a música universal (quem
der uma olhada no Blog verá que tem muita diversidade aí, além daquelas que a
gente ouve, pesquisa, conhece por meio de outros caras, ouve no rolê e etc.). A
MPP – Música Popular Preta – é o
mote; a música universal pela expansão. O aprofundamento no Jazz se dá pelo “fuça-fuça”
para achar os “originais” da A Tribe:
saber o que é, quem é – e por muito mais!
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Daí a gente se pega pensando: vou passar
“tudo”, assim, de uma vez, por nada, para nada? Mas logo vem o contraponto. Nunca
se passa tudo, pois é impossível transmitir a Experiência: é possível dizer os caminhos e descaminhos, mas cada
um vai ter uma experiência individual e única. Além disso, mesmo essa “transmissão
imediata” de tudo que se demorou mais de 20 anos para se obter – apesar que
sempre tem aquele que acha que precisa fazer e ter tudo pra ontem –, que foi
frutífero, pois foi a vida vivida da forma mais simples, mais orgânica
possível... então, mesmo essa “transmissão imediata” não transmite a
experiência nem anula o tempo de experiência: anula, ou melhor, reduz
drasticamente um tempo vazio, linear; o tempo histórico da Erfahrung, não se passa, não se transmite, somente se vive, experiencia-se. Posso te mostrar tudo
que sei sobre algo – ou quase tudo, pois tem sempre aquela coisa que está na
memória e só com o momento certo
reaparece – mas é algo vazio, sem significado, pois o essencial, que é o
processo, não vem no “pacote”. Você pode até ouvir o Rap, pode até saber mais
que os mais velhos, mas não vive, ou não tem o Rap assim como têm os mais
velhos: você pode ouvir Rap; vivê-lo é outra coisa. É essa a ideia que se perde
na nossa época: ninguém senta mais em volta do mais velhos que têm todas as
histórias para contar – todo mundo agora é “intelectual”...
[1999] The Anthology não é um "disco" autoral, o próprio nome já diz. Mas, a capa... Ah! A Capa... |
A Tribe Called Quest: Definition! 4 [2013]
01. His Name is Mutty Hanks
02. It’s Yours
03. Game Day –
feat. Rodney Hampton
04. Oh My God [remix]
05. Scenario [remix] – feat. Leaders Of The New School
06. Jazz (We’ve Got)
07. The Infamous Date Rape
08. Butter
09. Can I Kick it? [phase 5 mix]
10. Put It Down
11. Get A Hold
12. Practice Session
13. ICU [Doin’it] – feat. Erikah Badu
14. Like It Like That
15. Jam [remix] – feat. Consequence
16. Rumble In The Jungle – The Fugees – feat. ATCQ,
Busta Rhymes & John Fortè
17. Stressed Out [*] [Raphael Saadiq's Remix] – feat. Faith Evans
+Bonus
18. Girls [The Ummah Mix]
19. Waiting On You [On the Q Mix]
20. Weekendz [DJ Crazy Mix] – feat. Consequence
21. Get It Up [Phife House Mix]
{Os últimos sons são “Demos”, que estão no disco “The
Lost Demo’s” – por aí já se vê que pode ter ruído etc.. A faixa 16 é um clássico, mesmo sendo com a “participação”
da ATCQ , merecia estar entre os sons selecionados. O Clipe é uma paulada, uma “homenagem”
ao grande Muhammad Ali}
Salve!
Tribo do Subsolo!
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