terça-feira, 18 de outubro de 2011

We've Got Jazz!

Faz tempo que não posto nada por aqui! Eis que é chegada a hora. Aqui, o que se encontrará, para não variar em nada e continuar com os "sons da pesada", são os saxofonistas malucos! Sons que me agradam os ouvidos e a alma; que destoam do senso comum atual e me faz tomar a dose de força para a continuidade dos dias, da vida. Aqui está parte de todas as indicações, pesquisas, leituras, tentativas, sonhos, críticas etc. etc.. O saxofone está em voga aqui. Quais? Todos eles! Entre as décadas de 1950 e 60. É o Jazz! Aquilo que temos no sangue! Ah! Sim. Aí venha me dizer: "e o Sun Ra, mano?!" O Sun Ra, aqui, é uma exceção! Os sons desse disco maluco do Sun Ra & Arkestra, de 1958 [Jazz in Silhouette], estão aqui por conter um naipe de madeiras 'classudo' [como diz o Pepo], e não poderia ficar de fora! 
Sax on Fun! E os saxofones - não os saxofonistas! - se divertem! Sozinhos, praticamente. O som flui e flutua: faz-nos flutuar junto a todos os improvisos. O jogo de palavras foi um insight! We've got Jazz! E não é que é tudo culpa da A Tribe Called Quest?! E o Jazz... Resolvi começar apresentando somente os sons dos saxofones. É claro, como já disse, não há somente saxofonistas. Mas é o que predomina. Esse é o primeiro. Logo mais, virão mais... 

Isso aqui, toda a pesquisa e essa pequena parte ora divulgada, vai aos que correm atrás dos discos nos buracos menos conhecidos; que fazem da música - dessa música, nossa música - vida, e de tudo isso conseguimos (talvez!) fugir da massificação... Às minhas tardes e finais de semana - junto à Marcelinha - regados desses e outros cantos entoados pelos instrumentos autonomamente organizados. Aos "Grãos Mestres": Pepo, Dj Jazz, Galdino... E aos meus caros amigos que sempre correm paralelamente: Igor, Gus, Gabriel, Carine... 
Salve, Salve!

We've Got Jazz: Sax on fun! [2011]




















1. Herman's Mambo Lou Donaldson [1957]
2. Images - Sun Ra [1958]
3. Two of a Mind Paul Desmond and Gerry Mulligan [1962]
4. Downstairs Blues Upstairs - Sam Rivers [1965]
 5. Easy Walker - Houston Person [1973]
 6. Horoscope Sun Ra [1958]
 7. (Back Home Again In) Indiana (Donna Lee) Charlie Parker Ft. Chet Baker [1952]
 8. Moment's Notice - John Coltrane [1957]
 9. I Won't Cry Any More - Lou Donaldson [1957]

10. Cousin Mary - John Coltrane [1960]
11. Up a Step - Hank Mobley [1963]
12. Dotty's Dream - Harold Vick [1963]
13. Taboo - Paul Gonsalves [1964]
14. Three Way Split - Hank Mobley [1963]
15. Time Was - John Coltrane [1957]


We've Got Jazz: Sax on fun! [Ouve aí]

Salve Jazzístico do Subsolo Urbano!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Raízes...

Seguinte: Raiz! Já diria Candeia. E é exatamente um som desse partideiro que abre o set. Aqui, é o que me acompanha por toda minha existência, quiçá de grande parte de meus antepassados. Desde a infância é o que me protege, que fecha meu corpo, que me ilumina de alguma forma. Nasci ouvindo samba. Sempre ele esteve presente. Os discos de minhas tias sempre reluziram minha (nossa) tez; o samba, reflete minha (nossa) alma. E digo desde já: se pensa que vai encontrar pagode por aqui, saia correndo e nem baixe o disco! Isso é Samba, parceiro! Coisa de nego véio. É, em uma palavra, Raiz! Se estiver achando que vai ouvir algo semelhante à Exalta Samba, Thiaguinho ou qualquer outra dessas paradas, está, e digo em voz alta, completamente equivocado. E mais: alguns pagodeiros mela-cuecas dizem que não há diferença entre Samba, Partido Alto e Pagode. Ou seja, não há diferença entre Cartola, Candeia e... Dudu Nobre? Ou será, mais, que estão no mesmo saco Aracy de Almeida, Fabiana Cozza e... Inimigos da HP ou Belo? Ah! Pára, vai! É o mesmo que comparar, para quem é do Rock, Led Zeppelin, Queen e... NxZero. Ou, para quem é malokeiro (como eu) do Rap, comparar A Tribe Called Quest, Pete Rock e... 50 Cent, ou esse bando de coisa ruim que tem por aí! Pára! Aqui é o seguinte: Raiz! Samba não é pagode da mesma forma que música não é barulho. A Terra não é plana, parceiro!
Depois de alguns discos de Bossa e SambaJazz, agora o Samba. Diferente da Bossa, o Samba é denso, tanto na síncope, nos arranjos, na batida e na pegada pesada, quanto nas poesias. Os sambistas são melhores letristas, sem dúvida. Mesmo assim, são válidos, tanto um quanto outro. Gosto dos dois, sem excessão. A diferença, em mim e para mim, é que Bossa é pesquisa, Samba é sangue.

Raízes! Isso aqui foi feito de fruição, de prazer. Só tem coisa que gosto de ouvir, de sentir, de ver. Minhas experiências aqui afloram. O que aprendi vendo e ouvindo em família; o que o Gustavo me ensinou. Aquilo que meus parceiros me mostraram com tanto orgulho e felicidade. É... Raiz! Assim como Cartola, que só foi gravar disco depois de véio. Ou Candeia, que era delegado (que fita). Ou mesmo os parceiros do Noel, Aracy e Ismael, fazendo um disco que arrepia. Como tanto gostamos, as poesias do Paulo César Pinheiro. Tem Samba para quem é Raiz e gosta de Raízes... Tem música de verdade para quem têm Raízes e gosta de coisas Raiz...
Este é especial ao meu Parceiro Gustavo. Em dialeto de rua: Sangue Bom! Raízes! Para nós, parceiro. Para nós, de qualquer maneira... Espero, é claro, que goste dessa paradinha, desse pequeno pedaço da música brazuca... Salve o Samba! Raízes...

RAÍZES [2011]
  1. De Qualquer Maneira Candeia [1971]
 2. Alvorada - Cartola [1974]
 3. Mulher, Sempre Mulher Antonio Carlos Jobim, Vinícius de Moraes & Roberto Paiva [1956]
  4. Debruçado em meu Olhar - Elza Soares [1975]
  5. Agora Quem Ri Sou Eu - Claudia [1973]
 6. Refém da Solidão Eduardo Gudin, Márcia & Paulo César Pinheiro [1975]
  7. Mente - Clara Nunes [1978] 
  8. Pressentimento - Elza Soares [1970]
  9. Missão Aracy de Almeida, Ismael Silva & MPB4 [1966]
10. Sofreguidão - Paulinho da Viola & Élton Medeiros [1966]
11. Pela Sombra - Fabiana Cozza [2007]
12. Santo Dia - Eduardo Gudin, Márcia & Paulo César Pinheiro [1996]
13. Tem Pena de Mim Aracy de Almeida [1966]
14. Disfarça e Chora - Cartola [1974]
15. Regresso - Candeia [1971]
16. Lamento no Morro - Antonio Carlos Jobim, Vinícius de Moraes & Roberto Paiva [1956]
17. Carnaval - Beth Carvalho [1969]
18. E Lá Se Vão Meus Anéis - Eduardo Gudin, Márcia & Paulo César Pinheiro [1996]
19. Jogo de Angola Paulo César Pinheiro & Mauro Duarte [1980]
20. Filosofia do Samba Candeia [1971]
21. Samba do Povo - Aracy de Almeida, Ismael Silva & MPB4 [1966]
22. A Voz do Morro - Élton Medeiros [1970]
23. Aviso aos Navegantes - Baden Powell & Paulo César Pinheiro [1970]
24. Vou Deitar e Rolar (Quaquaraquaquá) - Baden Powell & Paulo César Pinheiro [1970]
25. Lapinha - Baden Powell & Paulo César Pinheiro [1970]
26. Brincadeira de Angola - Aracy de Almeida, Ismael Silva & MPB4 [1966]

Raízes... [Ouve aí]

Salve Partideiro do Subsolo! 

terça-feira, 26 de julho de 2011

Bossa Movement II

Bossa Nova! Aquilo que se apresenta, aqui, são fragmentos de uma década. Os dez anos da década de 1960, com toda a sua conturbada história - a história recente do Brasil e, concomitante, um pedaço da história da M.P.M. - são os anos mais frutíferos para a nova geração de músicos e o novo jeito de fazer, amplamente, música por aqui. Infelizmente, grande parte daquilo que aqui se expõe como 'boa música', cai em detrimento ao nos ser apresentado nas novelinhas (sic!) da grande tirana emissora de TV. Aquela coisinha mórbida, insossa, sórdida até, que passam naqueles folhetins mal feitos, que chegam a dar náuseas. Enfim, a Bossa, em meu pequeno entendimento, é muito mais que isso. Toda a nova forma de se fazer música, as influências vastas, toda a criação - que, hoje, como disse, soa aos ouvidos como comum ou mesmo como chulo -, outrora foi - e ainda penso que está por lá - o melhor de nós. Isso aqui é do tipo: coloca o disco, deita, reflete, relaxa, sonha, sorri e chora. Em uma palavra, exalta, de várias formas, a sensibilidade. O difícil é encontrar humanos sensíveis. Aliás, a dificuldade efetiva está em encontrar humanos...
Nada de nacionalismos mesquinhos! Antes e além disso, trata-se de entender e sentir um pouco daqui. Seja Mainstream ou Underground, a música brasileira nunca foi valorizada de fato, a não ser em círculos mais que estritos. E, infelizmente (mais uma vez!) com a 'popularização' veio o empobrecimento. Hoje até papagaio faz barulho no bico torto e chama de 'MPB': qual a diferença entre os barulhos 'universitários'? E todo restante da parafernália? Enfim...
Só para reforçar, a idéia primordial é apresentar um pouco do que considero, se não bom, ao menos audível. E, claro, por fim caímos naquilo que Kant dizia sobre o gosto: subjetividade. Todavia, há algo de objetivo. Nem todos o alcançam... O que ainda penso é na idéia de Marcuse sobre a transcendência material que isso pode proporcionar e, por isso, ser mais revolucionário que os 'revolucionariozinhos' de plantão, de escrivaninha, e os dos corredores das academias... Se Marcuse tinha razão? Não sei. O importante é a possibilidade de refletir sobre.

 Bem, o que havia para ser dito, pelo menos por mim, pelo menos por ora, foi-se, aqui e no primeiro post sobre o assunto - o Bossa Movement I, além dos anteriores SambossaJazz (alguns volumes). 

Portanto, por enquanto:

Bossa Movement II






















 1. Estamos Aí - Leny Andrade [1965]
 2. Depois do Carnaval - Carlos Lyra [1963]
 3. Amanhecendo Os Cariocas [1962]
 4. Menina Flor - Wilson Simonal [1963]
 5. Passa por Mim - Marcos Valle [1965]
 6. Nós Dois Wilson Simonal [1965]
 7. Olhando o Mar - Leny Andrade [1965]
 8. Madrugada (Carnaval Acabou) - Magda [1968]
 9. Só Tinha de Ser com Você - Elis Regina & Tom Jobim [1974]
10. Discussão - Wilson Simonal [1967]
11. Samba do Avião - Os Cariocas [1962]
12. Se é Tarde Me Perdoa - Carlos Lyra [1963]
13. Chora Tua Tristeza - Alaide Costa [1960]
14. Cartão de Visita - Flora Purim [1964]
15. Banzo - Leny Andrade [1965]
16. Samba de Negro - Wilson Simonal [1964]
17. Coisa Mais Linda - Carlos Lyra [1961]
18. Manhã no Posto Seis - Wilson Simonal [1963]
19. Wave - Os Cariocas & Lúcio Alves [1962]
20. Medley: Consolação/Samba do Avião/Ela é Carioca/Garota de Ipanema - Wilson Simonal [1964]


Bossa Movement II [ouve aí!]


Salve do Subsolo Urbano!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bossa Movement

Falar a respeito de Bossa Nova (aliás, sobre música brasileira em geral) é uma tarefa difícil, suada e extensa. Não por incapacidade daquele que discursa acerca do tema. Antes, pela enorme amplitude deste. Ninguém, talvez - muito embora haja trabalhos meritosos -, consiga abarcar a totalidade. O que se faz - e é o que tento há algum tempo propor - é desvendar o núcleo dessa totalidade. (*Estranhamente a linguagem filosófica é a que melhor expressa o que quero dizer, e de forma sucinta. Algo a se pensar*). A idéia, aqui, é mostrar dois conceitos convergentes de Bossa Nova. O primeiro, nos anos de surgimento, de 1959 à 1963 mais ou menos, vemos um tipo de música permeada pelo balanço do violão e do piano (vide Os Cariocas, ou mesmo os discos de Walter Santos, entre outros, por exemplo), um balanço suave. Na outra, nos anos posteriores à 1963, percebe-se uma renovada e sincopada rítmica: são os anos em que o SambaJazz toma conta da cena (cabe lembrar que O Som, do Meirelles, surge em 1963). 

Toda a tônica da Bossa Nova - e também do SambaJazz - tem como pano de fundo o Jazz: a música de Carlos Lyra, Influência do Jazz [1963], que abre o set, traz esse consenso. A proposta de dois conceitos convergentes, de fato, não existe. Não tenho conhecimento de ninguém que tenha feito tal proposta. Certamente já foi observada na audição dos mais entusiastas. E, ainda, não se trata de uma ruptura. Antes, de uma continuidade, de um movimento dialético, uma sequência histórica. Mesmo assim, é nítido o SambaJazz (vide, por exemplo, Menino das Laranjas, do disco de 1964 da Elis, no qual os instrumentistas, vindos ao primeiro plano da cena, são Edison Machado, Sérgio Barroso e Dom Salvador, que formariam, no ano seguinte, o fantástico Rio 65 Trio) nos discos posteriores ao ano supracitado. Não há como encontrar um disco que seja de uma Bossa mais "SambaJazz" e outro do "Barquinho, o Mar e o Violão". Não é disso que aqui se fala, que fique claro. Os discos mesclam os dois em um, já que, de fato, ambos são apenas um. 

Bem, para não estender em demasia, cabe ressaltar mais dois pontos particulares. O nome que atribuí à série que começa com esse disco, principalmente o segundo nome "Movement", vem do último disco autoral da fantástica A Tribe Called Quest [The Love Movement, 1998]. Por dois motivos: por conta do próprio significado da palavra-expressão; e pelo fato de que foi por meio da A Tribe que me voltei para o mundo-sem-fim da música, principalmente o Jazz e todas suas variações e ramificações. Em segundo plano, ressalto que a pesquisa é profunda (talvez infinita, já que ainda não vi o fundo desse buraco no qual me meti). A Bossa é uma das expressões que influenciaram definitivamente a musicalidade universal. Os instrumentistas ali surgidos formam o divisor de águas da música Brazuca. Mesmo tendo eu nascido mais de duas décadas após o auge do Movement Bossa Nova, a paixão por ela vem por meio da paixão pelo Samba e de minha admiração e extasiamento pelo Jazz. 


 Bossa Movement I


















 1. Influência do Jazz Carlos Lyra [1963]
 2. Vem - Marcos Valle [1965]
 3. Ponto de Vista Johnny Alf & Jorge Nery [1968]
 4. Menino das Laranjas - Elis Regina [1964]
 5. Samba do Carioca - Sylvio Cezar (part. Meirelles) [1964]
 6. Mestiço Wilson Simonal [1965]
 7. Clichê - Leny Andrade [1965]
 8. Sem SaídaCarlos Lyra [1963]
 9. Rapaz de Bem - Wilson Simonal [1964]
10. Não Me Deixe Só - Jorge Nery [1968]
11. RioOs Cariocas [1962]
12. Samba de VerãoMarcos Valle [1965]
13. IpanemaRegininha [1968]
14. AmanhãWalter Santos [1965]
15. A RespostaLeny Andrade [1965]
16. Faz-de-contaMagda [1968]
17. Lobo BoboWilson Simonal [1964]
18. Samba Para PedrinhoWalter Santos [1965]
19. Pra que Chorar - Os Cariocas [1962]
20. Samba de OrlyChico Buarque [1971]

Bossa Movement [ouve aí!]

Salve do Subsolo Urbano!