domingo, 30 de janeiro de 2011

O Virtuoso Moacir Santos

Em abril de 2010, postei um texto, aqui no Diálogos do Subsolo junto a uma poesia minha e uma matéria pelo pesquisador Ruy Castro, a respeito do grande Maestro Moacir Santos. Após quase um ano (nossa! O tempo voa!), retorno a falar do Maestro, professor de tanta gente boa - como Roberto Menescal, Dori Caymmi, Airto Moreira, Flora Purim, João Donato, Mario Adnet, entre tantos outros; entretanto, agora, o que farei aqui é postar uma pequena seleção das maravilhosas 'coisas' do mestre (Moacir não considera suas músicas como 'obras', 'opus' e etc., dizia que fazia 'coisas'...). São coisas que estão na extensão de sua discografia. Tentei pegar um pouco de todos os discos, tanto para mostrar as mudanças ocorridas no percurso de criação, quanto pela mudança de país. Os discos datam entre 1965 e 1978. O primeiro deles - o fabuloso Coisas - foi gravado e lançado no Brasil em meados da década de 1960, em meio à efervescência do SamBossaJazz que ocorria por aqui desde 1958 [ano 'oficial' (deixo claro que para mim há uma certa contradição com essa data, mas, laissez faire) de surgimento da Bossa Nova, com o disco Canção do Amor Demais, interpretado por Elizeth Cardoso, com músicas de Tom Jobim e letras de Vinicius de Moraes. Consta neste disco a famosa Chega de Saudade]. Logo após, Moacir migra para os Estados Unidos e lança seus outros discos. O primeiro lançado por lá, pela gravadora Blue Note, em 1972, é um disco intitulado The Maestro. Depois, em 1974, sai o Saudade; em 1975, surge Carnival of the Spirits; e, por fim, em 1978, é lançado Opus 3 nº1.


Moacir é, como se diz, um virtuose. Um dos nossos grandes gênios da Música Popular Brasileira Moderna. 

Mas, é claro, naquilo que chamamos de SambaJazz e Bossa Nova, existem vários sujeitos geniais. O que diferencia Moacir? É exatamente sua sonoridade, sua aproximação ao Erudito, sua inovação, com músicas quase que de câmara. Não se pode dizer que é jazz, que o estilo esteja explicito pelas coisas; nem se pode dizer que é samba, bossa ou algo do tipo: também não está explicito. É, como diz o próprio mestre, um amálgama. Mas um amálgama extremamente bem feito, quase perfeito. Não é possível ouvir J.T. Meirelles, Edison Machado, Som Três e etc. (que, para mim, são gigantescos também), e dizer que se parecem com a obra de Moacir. Ambos estão ali, inclusos no círculo do SambaJazz. Mas a diferença é latente. 

Enfim, faz uns dois anos e pouco que ouço Moacir Santos todos os dias. Não é possível deixar de ouví-lo. E fiz uma seleçãozinha módica com os sons que mais me apetecem. A sequência vai abaixo, da forma que segue: nome da música, disco no qual está situada, ano, autor(es).

foto da contracapa do Long Play The Maestro [Blue Note, 1972]

O Fabuloso SambaJazz de Moacir Santos

1  - Nanã - The Maestro [1972] - Moacir Santos, Y. Cotti, Mario Telles 
2   - Coisa nº10 - Coisas [1965] - Moacir Santos, Mario Telles
3   - Kermis - The Maestro [1972] - Moacir Santos
4   - Mother Iracema - The Maestro [1972] - Moacir Santos
5   - Coisa nº6 - Coisas [1965] - Moacir Santos
6   - Coisa nº7 (Quem é que não chora) - Coisas [1965] - Moacir Santos, Mario Telles
7   - Off and On - Saudade [1974] - Moacir Santos, Y. Cotti
8   - Coisa nº4 - Coisas [1965] - Moacir Santos 
9   - Kathy - Saudade [1974] - Moacir Santos, J. Livingston, R. Evans
10 - A Riddle - Opus 3 nº1 [1978] - Curt Berg
11 - Pinnacle  - Opus 3 nº1 [1978] - Mike Benson
12 - Kamba - Carnival of the Spirits [1975] - Moacir Santos
13 - Suk Cha - Saudade [1974] - Moacir Santos
14 - Early Morning Love - Saudade [1974] - Moacir Santos, Y. Cotti
15 - Coisa nº3 - Coisas [1965] - Moacir Santos


O Fabuloso SambaJazz [clique para baixar essa pérola]

Espero que aqueles que convido para ouvir Moacir, mais que ouçam: façam uma audição completa dessa grande obra! 

Mais um Viva! ao Grande Maestro!

SalveJazzSamba do Subsolo Urbano!