segunda-feira, 21 de junho de 2010

Facetas de um Progresso às avessas

Há 40 ou 50 anos, o Rio era representado por músicos que fizeram, literalmente, o mundo. Não só o Rio de Janeiro, mas é a partir daqui que me proponho a falar da Música. Desde o Samba à Bossa, passando pelas  variações e junções de estilos, chegávamos à perfeição sem muito esforço. Quem, lá de fora, ouvia nossa música ficava 'doido'. Quincy Jones é um exemplo: tentou tocar como Jorge Ben. Não conseguindo fez com que os discos do cara saíssem lá fora por meio de seu Selo. Pixinguinha e Cartola são, sem exagero, gênios. Cannonball Adderley fez um disco só de Bossa. Samba de uma nota só é um dos sons mais gravados, juntamente com Só danço samba (Jazz 'N' Samba) e Mais que nada, por aí vai. Além de, por meio de nossa música - e não por meio do famigerado Futebol (o Panis et Circenses 'mudernu') - termos sido reverenciados por todos, sem exceção. Os 'gringos', hoje, conhecem mais de nossa pregressa música que nós mesmos. Baden Powell viveu mais fora do que no seu país, mesmo nunca tendo esquecido sua cidadezinha do interior (Varre-Sai). Nossa música, enfim, não era somente de primeira qualidade e admirada por todos; era, também, de uma sagacidade e versatilidade sem igual. 
Hoje, o que temos nos representando é nada mais nada menos que Parangolé - e toda famigerada Trupe Midiática. Olha só que Progresso! Será que 40 anos - até menos - foram o bastante para nos levar do Paraíso ao mais baixo nível do lumpenzinato musical (se é que se pode chamar de musical sem afetar o cérebro e os ouvidos)? É claro que está aí, intrínseco e escondido neste processo, toda uma totalidade histórico-social que nos fez rebaixar não só musicalmente, mas também enquanto Povo. É mais claro ainda que me pergunto, todos os dias, se só isso conta; será mesmo que a decadência social, o giro de Capital abstrato dominando todas as relações são mesmo suficientes para determinar uma época histórica em sua totalidade? Sinceramente, fico pendente a dizer que sim, mas não sei. Enfim, a pergunta que não cala nunca: que tipo de Progresso é esse? Onde que as pessoas vêem-no? Onde a tão falada e fadada modernidade (ou pós-modernidade [sic!]) nos trouxe?
Hoje não se consegue extrair mais Coisa alguma de ninguém. Mal se sabe o que é uma nota, quem diria uma harmonia, uma música no sentido lato: vivenciamos uma época de "muita saúva e pouca saúde" (só para lembrar Macunaíma); de muito barulho e nenhuma reflexão. Que lixo!
Por fim, para onde estamos indo? E claro que o que me vem à cabeça é o filme Idiocracy e a velha frase do Gus: "séculos e séculos de má alimentação fizeram o povo emburrecer!" - Vou jantar...

Reflexões Urban Underground!

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