Há dois tipos de
filosofia: aquela que incide na realidade e com ela se envolve de forma
crítica, impondo sua força crítica que, ao mesmo tempo, é produto da realidade
sem se vencer pelas “adversidades do conteúdo” fatídico do presente; e aquela
que paira sobre a realidade, como um saco plástico que “sobrevoa”, pensando ser
o sobrevoo sua autonomia, sem perceber que é levada pelos ventos. Esta, por
definição, sente-se livre. É, por isto mesmo, coisificada e somente revela a
incapacidade do pensamento: o “filósofo” sucumbe à realidade na mesma medida em
que pensa esmagá-la entre os dedos que segura a caneta. Quem, por ossificação
de si mesmo, se refere como pensador, prescinde da prática e a vê como
desligada da reflexão: filosofia só é quando tende a se superar; é crítica da
realidade efetiva, não sua serva. Bois em pasto pensam tanto, com exímia
seriedade, sobre suas liberdades e agraciam o pastor, quanto aquele que se
isenta e cria uma realidade paralela: o mote é não hipostasiar palavras, mas
imobilizar a realidade e seus conceitos prescritos na letra do texto, na
posição privilegiada e cordial da universidade... Très bien! Seguramente, vale mais a repetição distópica – que dá
segurança ao sujeito do discurso bonito –, que a errância da experiência, rechaçada
pelos pensadores que buscam porto seguro na “crítica” da segurança. A seriedade
bovina tem medo da águia que alça voo ao amanhecer; medo de quem não é de pasto.
Subsolo!
no
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